Educação a distância ganha cada vez mais adeptos
Um em cada sete universitários
brasileiros é aluno da chamada educação a distância (EAD), formato de ensino
que cresce a cada ano e é visto por especialistas em educação como uma das
soluções para suprir a demanda por profissionais com curso superior. Apesar de
seguir critérios e vistorias do Ministério da Educação (MEC), assim como os
presenciais, e do diploma entre ambos ter o mesmo valor, ainda é grande o
preconceito com os egressos desses cursos. Para Márcio Bunte, diretor do
Laboratório de Computação Científica da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) e presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed),
essa visão vem da falta de conhecimento.
Estudo realizado por Dilvo Ristoff,
diretor de políticas e programas da Secretaria de Educação Superior do MEC, com
dados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) de 2005 e 2006,
revela que o temor de que o formato possa piorar a qualidade do ensino da
graduação é injustificado. “Os estudantes da EAD, à época, mostraram desempenho
médio superior aos da educação presencial. A questão é se esse quadro, diante
do vertiginoso crescimento nos últimos anos (18% das matrículas da graduação
pertencem agora à modalidade EAD), se mantém. Em geral, as médias dos
concluintes da educação presencial, embora ligeiramente superiores às de seus
colegas da EAD, não são estatisticamente significativas”.
Embora o desempenho dos estudantes
nos exames nacionais seja muito semelhante, o perfil socioeconômico cultural
dos dois grupos é bastante distinto. “Os dados indicam que o estudante de EAD é
mais pobre, majoritariamente casado, tem mais de dois filhos, vem mais da
escola pública, tem pais com escolaridade básica, trabalha e sustenta a
família, tem menos conhecimento de inglês, muitas vezes não concluiu o ensino
médio regular.” Dessa forma, tais condições tornariam a EAD instrumento de
inclusão social.
As exigências do MEC em relação à
qualidade do ensino são semelhantes na EAD e no presencial: projeto pedagógico
bem construído e com aderência às diretrizes curriculares nacionais,
instalações e infraestrutura adequadas e corpo docente capacitado.
TECNOLOGIA
As formas de interação entre
docentes, tutores e estudantes, mediada pelas novas tecnologias de informação e
comunicação, são levadas em conta. “Como a EAD está sendo profundamente afetada
pelas novas tecnologias, os alunos da geração pós-tablet já não aceitam mais
métodos e salas de aula incompatíveis com a agilidade e a facilidade de acesso
ao conhecimento que a comunicação móvel proporciona”, defende Dilvo Ristoff.
Para Márcio Bunte, a tecnologia vai melhorar, mas o diferencial vai ser a
promoção da interação entre alunos e professores.
A educação a distância surgiu no
Brasil há mais de 20 anos, mas os cursos de graduação e pós-graduação a
distância foram reconhecidos pelo MEC há 15 anos. Segundo Alda Luiza Carlini,
professora da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, a instituição de ensino superior deve oferecer polos de apoio à EAD nos
municípios em que atua, onde deve haver tutor presencial para orientar o aluno
em procedimentos acadêmicos e administrativos, além de recursos como
computadores conectados à internet; espaço para aula presencial
(videoconferência) ou avaliações; e biblioteca física.
Os alunos são avaliados de diferentes
formas, dependendo da concepção de avaliação da aprendizagem adotada pela
instituição de ensino. Ela pode ocorrer ao longo e/ou ao fim das disciplinas,
na forma de provas objetivas ou dissertativas, trabalhos individuais ou em
grupo.
Fonte:http://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/2015/01/24/internas_educacao,611172/educacao-a-distancia-ganha-cada-vez-mais-adeptos.shtml