Dificuldade matemática pode ser sinal de discalculia
Imagine um jogo de futebol entre Corinthians e Guarani no Pacaembu. Quem entra no estádio é capaz de perceber claramente que a torcida do Corinthians é maioria nas arquibancadas. Mas saber distinguir qual é a maior ou a menor parcela do público pode não ser tão simples para quem tem discalculia, uma disfunção neurológica caracterizada pela dificuldade de resolver cálculos matemáticos e pela falta de noção de quantidades.Na reta final do ano letivo, esse tipo de transtorno, de difícil diagnóstico, pode estar por trás do desempenho ruim do estudante na matemática - a má performance escolar, porém, pode ser influenciada por inúmeros fatores.
Para saber a dimensão atual da população brasileira atingida pela discalculia, o psicólogo Pedro Pinheiro Chagas, pesquisador do Laboratório de Neurologia do Desenvolvimento da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), coordena desde 2008 um estudo sobre a prevalência da disfunção no Brasil.
- Ainda existem poucas pesquisas sobre o tema no país, ao contrário do que ocorre com a dislexia (distúrbio relacionado à linguagem), área do conhecimento que já evoluiu bastante.
Para o cientista político Alexandre Barros, de 68 anos, que descobriu ser discalcúlico aos 55, a dislexia é mais conhecida e tratada porque as pessoas vivem de palavras. Segundo ele, "de certa maneira, é mais fácil esconder a dificuldade com números do que com a linguagem".
Especialistas concordam que o diagnóstico do distúrbio é muito complexo e que depende da avaliação de uma equipe multidisciplinar. Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, explica que a discalculia é genética e acompanha o indivíduo durante toda a vida.
Segundo o neurologista Luiz Celso Pereira Vilanova, professor da Universidade Federal de São Paulo, é comum que a discalculia esteja associada a outros distúrbios, como a dislexia e o TDAH ( transtorno de déficit de atenção com hiperatividade).
- É mais raro ter apenas a dificuldade com os cálculos matemáticos. Estudos apontam a incidência de uma em cada 40 mil pessoas.
Fonte: www.r7.com